A Arte do Papel Recortado
Esta exposição temporária é constituída, na sua totalidade, por trabalhos realizados em papel de seda branco, da autoria de Maria de Lourdes Pereira.
Natural da Horta, fez o seu percurso profissional como funcionária dos CTT ( Correios, Telégrafo e Telefones) desde 1960 até 1992, data em que se reformou. Se durante toda a sua vida teve contato com este tipo de trabalho foi, efetivamente, a partir da reforma que retomou o recorte de papel por o considerar bastante criativo , tendo aperfeiçoado as técnicas , tornando todas as suas peças bastante minuciosas e verdadeiras obras de arte.
Nos séc. XVIII e XIX, na Europa a arte do papel recortado está em voga, inspirada muito provavelmente em certos trabalhos de origem oriental. Em Portugal, encontrou grande recetividade nos meios conventuais, onde se fabricavam delicados doces que eram carinhosamente embrulhados e ornamentados em pedaços de fino papel recortado.
Os Açores não foram exceção e aqui esta técnica, acredita-se, trazida pelo Padre Sousa Freire , vigário da Ribeira Grande foi amplamente divulgada nos meios eclesiásticos.
Era, pois, uma arte essencialmente conventual que logo se expandiu e encontrou na população açoriana grande acolhimento, dando-lhe uma aplicação mais prática.
Com frisos decorativos ornamentou os rebordos das chaminés, o cimo das vidraças, o interior dos teatros do Espírito Santo com toalhas redondas de quase renda, cobriu as coroas no alto dos tronos, fez tufos de papel redondo para colocar dentro deles os castiçais e vasos sobre as cómodas, com rendilhados de papel branco sobre um fundo vermelho, amarelo, azul ou verde quebrou a monotonia das paredes das casas e prendeu franjas de papel de cores berrantes e variadas em prateleiras , cantos, copeiras e armários.
O material base é o papel de seda branco. Utilizam-se tesouras de bordar de pontas afiadas e alfinetes para pregar as dobras do papel à medida que se vai dobrando e que o trabalho ganha forma. A técnica consiste em ir fazendo diversas dobras cada vez menores consoante a progressão do trabalho e do modelo escolhido, iniciando o recorte sempre do exterior para o centro.
As fontes de inspiração são as mais diversas , desde riscos de rendas e bordados a obra de talha. No entanto, a grande fonte d einspiração advém da imaginação , criatividade, gosto e perícia de quem realiza a obra.